Ducati DesertX: primeiras impressões ao pilotar a aventureira italiana
Nova opção fãs de aventuras fora do asfalto chega ao Brasil por R$ 97.990. Modelo conta com visual retrô futurista e motor de 110 cavalos de potência
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A Ducati DesertX 2023 foi lançada no Festival Interlagos como uma das principais atrações do evento nesta edição. Com preço de R$ 97.990, a, a bigtrail italiana conta com visual retrô futurista inspirada nas motos de rally dos anos 1990. Eu, Marcelo Barros, retorno aqui ao MOTOO para contar as primeiras impressões sobre uma moto que atraiu muitos olhares por lá.
Antes de falar sobre a experiência com a moto vamos a um resumo e algumas especificações técnicas. Sobre o visual, a inspiração principal foi a Cagiva Elefant 900 de rally, que usava motor derivado da Ducati 900SS e que nas mãos do piloto italiano Edi Orioli venceu o Dakar em 1990 – encerrando uma sequência consecutiva de 4 vitórias da Honda – e também em 1994. Assim como a atual DesertX é oferecida apenas na cor branco fosco que a Ducati chama de “Star White Silk” a icônica Cagiva Elefant de corrida também era branca. A iluminação é toda em LED e o farol duplo redondo é outra referência visual muito forte da icônica Cagiva Elefant.
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Como curiosidade, a moto mais próxima em proposta a DesertX globalmente falando dentro da Ducati é a Scrambler Desert Sled, que nunca veio ao Brasil e que inclusive é usada nos cursos de pilotagem off road da Ducati em países onde é vendida.
Mas a Desert Sled tem roda dianteira 19” e traseira 17” enquanto a DesertX tem roda dianteira aro 21” (90/90 – 21”) e roda traseira aro 18” (150/70 – 18”), combinação de medidas tradicional de motos com máximo de aptidão fora do asfalto. E aqui você pegou a conexão dos nomes das duas motos, certo? DesertX é a irmã “eXtrema” da Desert Sled.
O tanque já é grande, com 21 litros de capacidade, mas a Ducati pensando em quem precisa de muita autonomia disponibiliza entre a imensa gama de acessórios para a DesertX um tanque auxiliar de 8 litros, que vai preso na traseira da moto, dos dois lados do assento do garupa.
Com isso a capacidade total salta para 29 litros e de acordo com a Ducati Brasil a autonomia pode passar de 500 km. Mamma mia!
Falando da posição de pilotagem eu tenho 1,83 m de altura e a primeira coisa que notei é que a posição de pilotagem em pé – comum e necessária na pilotagem fora do asfalto – é bem natural. Não senti necessidade de instalar um elevador de mesa, por exemplo, para ficar à vontade durante a pilotagem no off road.
Mas vale aqui registrar que é uma moto alta. A altura do banco original é 875 mm, mas existem opções como acessório que permitem reduzir essa altura para até 830 mm (usando o assento baixo e kit suspensão baixa). Falando ainda sobre o assento original, ele é bipartido e achei confortável, equivalente a outras motos maxitrail que temos no Brasil. Não sobra e nem falta conforto.
Nos freios, disco duplo flutuante na dianteira de 320 mm com pinças Brembo M50. Na traseira disco de 265 mm com pinça Brembo. O ABS também atua com eficiência nas curvas e é o sistema instalado na DesertX é da Bosch. A sensação é que o freio dianteiro é bem potente, mas não tão bruto como nas Ducati de rua. Ou seja, está bem calibrado para o uso em terrenos de baixa aderência.
As rodas pretas são raiadas e permitem uso de pneus sem câmara. No caso o pneu original que é oferecido na DesertX é o ótimo Pirelli Scorpion Rally STR. A Ducati divulga como opções de pneu homologado para essa moto o Pirelli Scorpion Rally para quem quer um pneu mais adequado ao offroad e o Pirelli Scorpion Trail II para quem busca um pneu mais adequado para o uso no asfalto. O STR é o meio termo entre eles, por isso é o pneu original, um tradicional “mistão” compatível com a proposta da DesertX.
Motor com "pimenta italiana"
Vamos falar um pouco sobre o que move essa aventureira da Ducati, o motor Testastretta 11°, compartilhado com Monster 937 e Multistrada V2. Na DesertX ele está aprimorado para melhor uso na proposta da moto. O motor bicilíndrico em L de 937 cm³ desenvolve 110 cv de potência máxima a 9250 rpm com 9,4 kgf.m de torque a 6500 rpm.
Rodando na potência máxima ao girar com mais velocidade a manopla do acelerador você sente a “patada”. É uma Ducati, não esqueça disso, tem motor de sobra para acelerar o coração de qualquer um que a pilote e uma moto como a DesertX exige experiência prévia com motos intermediárias para evitar sustos.
Tecnologia de sobra
Apesar do visual minimalista, a moto é uma Ducati e está com bastante tecnologia disponível. No painel TFT colorido de 5” que fica na posição vertical tem muitas informações, tanto que você vai precisar de alguns passeios para se familiarizar com tudo que ela mostra. São 2 modos de visualização, um padrão com o conta-giros digital em maior destaque e o modo Rally, onde a disposição das informações e os dados apresentados no painel muda. Além disso existe um terceiro modo de visualização do painel com a navegação ponto a ponto, porém, para utilizar esse recurso é necessário o adquirir como acessório.
Outro item que pode ser adquirido como acessório é o Ducati Multimedia System que permite conectar o telefone ao painel da moto aumentando a experiência na pilotagem da DesertX. Praticamente uma regra em pleno 2023 essa moto tem ao lado esquerdo do painel uma tomada USB para poder recarregar seu dispositivo eletrônico durante a pilotagem.
Além disso são muitas configurações disponíveis. São 6 modos de pilotagem pré-ajustados: Sport, Touring, Urban, Wet para uso no asfalto além dos modos Enduro e Rally para o off road. Como informação você pode mudar de modo de pilotagem durante o uso da moto e podem ser totalmente configurados ao seu gosto.
São 4 opções de atuação do ABS: On road nas duas rodas, Off road nas duas rodas, ABS só na frente e sem ABS, opção de ajuste permitido apenas nos modos Enduro ou Rally.
São 4 ajustes de potência: Full com 110 cv e entrega dinâmica (entenda como respostas mais vigorosas ao acelerar), High com 95 cv e entrega suave, Medium com 75 cv e entrega dinâmica e Low com 75 cv e entrega suave.
Opções que podem ser ajustadas também são o controle de tração (DTC) em 8 níveis, anti-wheelie (DWC) em 4 níveis, freio motor (EBC) em 3 níveis, atuação do quick-shifter (que na DesertX é item de série e trabalha nos dois sentidos do câmbio). Além desses ajustes a moto tem controle de cruzeiro, para quem vai rodar longas distâncias no asfalto ter comodidade.
Como dica, em todas as configurações citadas, exceto a de freio motor, quanto maior o número maior o nível de atuação. No freio motor, quanto maior o número escolhido no ajuste menor a ação do freio motor. Com o tempo o proprietário vai aprender a usar todos esses ajustes e chegar na sua melhor configuração da moto.
Acelerando a DesertX
Eu já comentei que é uma moto alta. Então nos primeiros metros já na terra fui com cuidado. Uma moto com mais de 100 cv e 223 kg de peso cheio a gente precisa respeitar no asfalto, na terra então... Mas logo ela já mostrou o seu diferencial principalmente em relação às motos da linha Multistrada. Ela é mais fácil de ser conduzida fora do conforto do asfalto, ela te passa mais segurança para acelerar e passar por diferentes terrenos sem precisar ser um super piloto, sem precisar mudar o pneu.
O Pirelli Scorpion Rally STR (a sigla STR é de ‘street’, rua em português) é um pneu com ótimo equilíbrio para o uso no asfalto e fora dele, uma escolha acertada da Ducati pois a proposta da DesertX é ir além, ir com mais competência fora do asfalto sem precisar de nenhuma mudança quando comparada com a Multistrada, que tem como proposta entregar o máximo de experiência no asfalto e também te permite andar fora do asfalto.
A Multistrada não foi pensada para ir tão bem no off-road como a DesertX, que brilha com uma ótima distribuição de peso, com o motor Testastretta ela é compacta entre as pernas, as suspensões dianteira e traseira KYB totalmente ajustáveis e com bons cursos (230 mm na frente e 220 mm na traseira) permitem calibrar a moto da melhor forma ao seu uso e a muitas possibilidades de configuração do pacote eletrônico permitem que você crie a sua DesertX.
Ela apenas parece minimalista, mas tem tudo que se espera de uma Ducati: desempenho que acelera o coração, muita tecnologia, bons freios e uma experiência única de pilotagem. O preço na casa dos 100 mil reais restringe a DesertX ao grande público, mas quem pode ter uma moto dessa na garagem provavelmente vai sempre escolher o caminho mais longo para chegar onde quer que vá.
Como curiosidade, me chamou a atenção como ela “corrige” minhas linhas lidando com as irregularidades do percurso do test ride e um dos motivos é o entre eixos de 1.608 mm. Africa Twin 1.100 tem 1574 mm, Triumph Tiger 900 Rally tem 1.556 mm, Husqvarna Norden 901 tem 1.513 mm e BMW R 1250 GS tem 1.504 mm. O entre eixos maior dá mais estabilidade e pude notar o benefício disso na DesertX sem comprometer a agilidade na mudança de direção. Achei a moto sempre na mão, a moto me dando confiança para seguir em frente e isso é ótimo.
Para os destemidos fãs de moto na terra uma informação que sempre me pedem é o vão livre do solo. Nessa Ducati é de 250 mm, uma boa medida. Lembrando que ela já vem com protetor de cárter e protetor de radiador como itens de série. Para uma moto pensada para ir além itens obrigatórios. O que eu somaria? Um protetor lateral das carenagens. Quem abusa no fora de estrada sabe que cedo ou tarde, mesmo que em baixa velocidade, você vai deixar a moto cair e é uma Ducati. Invista no protetor lateral e depois me agradeça, combinado?
Para encerrar com algo que acredito ser importante só andei no off-road. Comecei com o modo Rally que entrega 110 cv de potência e a “patada” é forte. Confesso que fez mais sentido pra mim andando no off-road usar o modo Enduro, que tem 75 cv de potência, onde achei a moto mais fácil, divertida e prazerosa de conduzir, sem perder aquela sensação apimentada de uma moto Ducati. Como curiosidade, 75 cv deixa ela na mesma faixa de potência das motos que competem no... Rally Dakar!
EM RESUMO...
A oportunidade de pilotar a Ducati DesertX fora do asfalto permitiu ver que a fabricante italiana desenvolveu uma grande motocicleta de aventura com várias referências ao passado, como fui apresentando durante a minha análise. Bem mais capaz que Multistrada V2 ou V4S quando acaba o asfalto e não vai fazer feio quando estiver rodando muito pelo asfalto.
“Entre Multistrada e DesertX depende da sua proposta. Se você quer mais asfalto eu sugeriria a Multistrada. Se você quer off-road, se tem uma fazenda gigantesca e você quer desbravar todo terreno com certeza a DesertX vai te atender bem”, declarou Alexandre Ruiz, gerente nacional de vendas e marketing da Ducati Brasil.
Ela aumenta a gama de diferentes perfis de motociclista que a Ducati quer conquistar. Independente do preço uma coisa é fato, a DesertX é uma moto única em um segmento que talvez seja o mais disputado no Brasil atualmente. Quem é fã de moto na terra precisa provar essa nova Ducati. Quem anda na terra de Multistrada e provar a DesertX vai se impressionar com a maior facilidade e segurança que a moto dá nessa condição de uso.
O intervalo de manutenção é de 15 mil km na troca de óleo e 30 mil km na checagem das válvulas, o chamado Desmo Service. Preço público sugerido? R$ 97.990, como foi dito. Diante das concorrentes mais próximas e a realidade do mercado brasileiro não me parece absurdo por tudo que essa moto é capaz de fazer. Mas também não é o melhor custo-benefício da categoria. Mas quem compra uma Ducati não está muito preocupado com isso, quer uma moto que o faça se sentir mais vivo e a DesertX garante suas doses de adrenalina com louvor. Ponto para a Ducati com esse lançamento.
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