Sahara 300: nova trail Honda vale a pena? Impressões
Andamos no lançamento que substitui a XRE 300. Nova geração ficou mais ágil e com motor mais "torcudo", mas cobra alto por isso; leia a análise
-
Compartilhe
A Honda Sahara 300 2024 finalmente está entre nós. O modelo chega ao Brasil como um dos principais lançamentos dos últimos tempos. Afinal, substituir a XRE 300 não é uma tarefa fácil, além de enfrentar como concorrente a Yamaha Lander 250 e novas motos que estão chegando ao país.
Vale a pena comprar a nova Sahara 300? É melhor que a Lander? São o que muitos se perguntam. Para ajudar na hora da compra, vou falar sobre o comportamento da moto, incluindo motor, potência, consumo, velocidade máxima (top speed) e preço.
Bora acompanhar nosso rolê? Veja o primeiro relato sobre a Sahara 300 em vídeo exclusivo do MOTOO:
Teste com a Sahara 300
Participei do evento de lançamento da Sahara para a imprensa. O lugar escolhido pela empresa foi Recife e suas cercanias, uma mercado importante para as trail. A experimentação começou em circuito fechado.
Rodei primeiro com a XRE 300 antiga, sem dúvida uma boa moto, mas já sentindo os efeitos do tempo. Foi um contato rápido para logo depois pegar a nova Sahara. Apesar de terem estilo parecido, afinal, são trails, as motos são completamente diferentes em sua tocada.
Ao fazer um pequeno circuito em meio aos cones, a Sahara 300 se mostrou muito mais ágil do que sua antecessora. Foi apenas um aperitivo do que estava por vir.
Sahara 300 na cidade
No dia seguinte, iniciamos o roteiro que saiu da capital Recife. Logo ao sentar na moto o posicionamento agradou. Tenho 1,86 de altura, e me senti bem à vontade na moto, com as pernas ligeiramente flexionadas e os braços com alcance fácil ao guidão -- isso praticamente não mudo em relação à XRE 300.
Saímos logo cedo e já pegamos um pouco de trânsito. Foi bom para sentir como a Sahara 300 fica "na mão" para trafegar no corredor e, eventualmente, fazer manobras entre os carros. Ali já deu para ver um grande diferencial do novíssimo motor da Sahara 300.
Sai de cena o antigo moto do tipo DOHC da XRE 300, com duplo comando no cabeçote, e entra o mais compacto SOHC, de cabeçote simples. Este monocilíndrico Flex é o mesmo que vimos na CB 300F Twister, ou seja, não vem da mesma linhagem da antiga XRE.
Com 293,5 cc de cilindrada, este motor rende até 25,2 cavalos a 7.500 rpm e 2,74 kgm de torque -- em ambos os casos rodando com etanol. Uma grande vantagem desse novo propulsor é a sua entrega de torque em rotações mais baixas que sua antecessora, o que proporciona mais facilidade e conforto na condução.
Velocidade máxima (top speed) da Sahara
Seguimos em direção a Maracaípe por uma rodovia. A sensação foi de uma moto com baixa vibração e entrega bem linear de força. A nova Sahara 300 pode manter com tranquilidade 120/130 km/h de velocidade de cruzeiro sem desgastar o piloto. Como estávamos em vias públicas, não foi possível chegar a velocidade máxima (top speed) da moto.
A empresa também ainda não divulgou este dado. Vale mencionar que a versão utilizada foi a Adventure, a topo de linha, que vem com protetores laterais e de motor, além de uma bolha dianteira. Esta cúpula ajuda na proteção aerodinâmica, mas no meu caso, gerou uma certa turbulência no meu capacete, algo que acontece em diversas motos comigo.
Mesmo assim, escolheria a versão com estes acessórios que considero de grande valia. Vale lembrar que também é possível adquiri-los a parte e fazer a instalação nas versões Standard e Rally. Voltando a falar da estrada, a 6 marcha também trouxe um folego extra para a moto a deixando mais solta em altas velocidades.
Agilidade e estabilidade
O próximo trecho seguiu com estradinhas mais travadas. Nesse ponto foi interessante ver como a nova tecnologia de embreagem assistida e deslizante fez total diferença. Para começar, o acionamento do manete ficou cerca de 30% mais leve, o que deixa viagens e deslocamentos na cidade menos cansativos.
Já a o sistema deslizante evita com que a roda traseira trave em reduções mais bruscas de marcha, trazendo mais segurança e conforto, mas sem perder a efetividade do uso do freio motor. Torna as entradas em curvas mais precisa, algo que também foi melhorado com a maior agilidade da Sahara 300 em comparação com a XRE 300.
Seu novo chassi, do tipo berço semi duplo, agora acomoda o novo tanque mais para baixo na moto, deixando seu centro de gravidade mais baixo. O modelo também ganhou entreixos maior e uma redução do ângulo de cáster. Na prática, o sentimento é de uma moto com movimentos mais precisos.
Com a nova suspensão, que foi recalibrada na dianteira, e ganhou 7 ajustes de pré-carga na traseira, a moto fica mais "firme" do que a antiga, mas sem prejudicar o conforto. Sobre os freios, o comportamento é similar ao da antiga XRE, com um poder de frenagem adequado para a proposta da moto, além do ABS de dois canais.
Em relação aos pneus, o modelo agora está equipado com os novos Metzeler Karoo Street. A sensação foi de uma boa aderência no asfalto, além de um baixo nível de ruído na rodagem.
Durante nosso roteiro, foi possível ver em ação uma novidade importante em termos de segurança para a Sahara 300. O modelo traz para a baixa cilindrada o sistema ESS (Emergency Stop Signal), que faz o acionamento automático, e momentâneo, dos piscas em redução bruscas de velocidade quando se está a mais de 50 km/h.
Consumo da Sahara 300
Completando nosso roteiro de 130 km, também rodamos em alguns pequenos trechos de terra. O modelo se mostrou bem divertido neste tipo de terreno, também fazendo uso do torque para controlar melhor a moto, mas fiquei com um "gostinho de quero mais" para rodar mais com o modelo no off-road.
No final do percurso, eu fechei com consumo médio de 30,3 km/l exibido no painel, isto para a motocicleta abastecida com gasolina. Fiz um uso mais exigente do motor, então acredito que é possível ser ainda mais econômico com a nova Sahara -- a Honda não divulgou suas medições para consumo até então.
O novo tanque manteve-se com a mesma medida de 13,8 litros, o que nos dá uma autonomia estimada de mais de 410 km, ao menos com base no meu consumo registrado.
Vale a pena comprar uma Sahara 300?
A Honda Sahara 300 2024 é oferecida em três versões: Standard (cinza), Rally (vermelho) e Adventure (bege/areia). Todas trazem exatamente a mesma base mecânica, mas a Adventure é a topo de linha porque vem equipada com acessórios mencionados.
O pacote base da Sahara também inclui o novo painel blackout com computador de bordo e entrada USB-C, além do sistema de iluminação FULL-LED Os preços base divulgados pela marca são: Standard - R$ 27.090; Rally - R$ 27.690; e Adventure - R$ 28.650. Vale lembrar que dificilmente estes serão os valores praticados nas lojas.
Em alguns anúncios os preços passam facilmente dos R$ 30 mil e até chegando aos R$ 35 mil. É um valor realmente além do esperado para a moto. A Lander 250 2024, por exemplo, tem preço na Tabela Fipe de R$ 27.745, enquanto a Dafra NH 300 é avaliada em R$ 24.536.
Há também novos modelos chegando ao mercado com propostas um pouco diferentes, mas que também podem atingir o mesmo consumidor, como a Triumph Scrambler 400, com preço sugerido de R$ 33.490. Não podemos deixar também de falar da nova Royal Enfield Himalayan prevista para ainda este ano.
Como produto em si a Sahara entrega um ótimo desempenho e acabamento determinando uma nova referência para as trail de 250/300 cc, mas será que vale a pena? Tudo vai depender do que a concorrência oferece e em qual valor, além da disponibilidade de concessionárias de outras marcas em cada localidade.
Siga o MOTOO nas redes: Instagram | LinkedIn | Youtube | Facebook | TikTok | Twitter
| FICHA TÉCNICA - Honda XRE 300 Sahara 2024 |
| PREÇO | A partir de R$ 27.090 |
| MOTOR | 1 cilindro, OHC, 293,5 cc |
| ALIMENTAÇÃO | Injeção eletrônica |
| COMBUSTÍVEL | Gasolina e etanol (flex) |
| POTÊNCIA ETANOL | 25,2 cavalos a 7.500 rpm |
| POTÊNCIA GASOLINA | 24,8 cavalos a 7.500 rpm |
| TORQUE ETANOL | 2,74 kgfm a 5.750 rpm |
| TORQUE GASOLINA | 2,70 kgfm a 5.750 rpm |
| CONSUMO | Não divulgado |
| TOP SPEED | Não divulgado |
| DIÂMETRO x CURSO | 77,0 x 63,0 mm |
| CÂMBIO | 6 marchas |
| CHASSI | Berço semi duplo |
| COMPRIMENTO | 2.193 mm |
| LARGURA | 829 mm |
| ALTURA | 1.270 mm / 1.400 mm (ADV) |
| ENTRE-EIXOS | 1.425 mm |
| DISTÂNCIA DO SOLO | 269 mm |
| ALTURA DO ASSENTO | 859 mm |
| PESO SECO | 147 kg / 149 kg |
| TANQUE | 13,8 litros |
| FREIOS | ABS |
| FREIO DIANTEIRO | Disco de 256 mm |
| FREIO TRASEIRO | Disco de 220 mm |
| PNEU DIANTEIRO | 90/90-21M/C 45S |
| PNEU TRASEIRO | 120/80-18M/C 62S |
| SUSPENSÃO DIANTEIRA | Garfo telescópico de 245 mm |
| SUSPENSÃO TRASEIRA | Monoamortecedor Pro-link de 225 mm com ajuste de pré-carga |
| CORES | Bege, cinza e vermelho |
Mais sobre a marca
